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A recuperação da malha ferroviária da região noroeste e sudoeste do Estado de São Paulo, atualmente considerada improdutiva, será um dos maiores desafios da Frente Parlamentar em prol do Transporte Metroferroviário (Ftram). O recado foi dado por Jean Carlos Pejo, secretário-geral da Associação Latino-Americana de Ferrovias (Alaf), após sua apresentação sobre a situação da malha ferroviária paulista.
“É a maior malha ferroviária do Estado e está improdutiva, interligando as regiões noroeste e sudoeste, onde se encontram cidades como Araçatuba, Andradina, Bauru, Presidente Prudente, Assis, Nova Odessa, Botucatu e Sorocaba”, esclareceu Jean Pejo, impossibilitando que pelo menos 30% da população paulista deixe de usar o trem como meio de locomoção.
A desativação dessa malha, segundo ele, deveu-se ao fato de as empresas concessionárias terem optado por operar com trens de alta produtividade, ou seja, aqueles que percorrem determinados trechos carregando um mesmo produto, a exemplo de minério. Segundo Jean Pejo, há linhas e traçado para a recuperação dessa malha – 600 quilômetros – e a região, de característica agropecuária, oferece produtos típicos para serem transportados por trens de carga. Mas o governo teria que ser protagonista na ocupação do território paulista pelas ferrovias, apelou Jean Pejo.
O deputado Rafael Silva (PDT) lembrou que a deterioração das ferrovias fazia com que uma viagem de Ribeirão Preto a Campinas demorasse dez horas. Por essa razão, observou, as pessoas preferiam viajar de ônibus e, assim, os trens foram abandonados de vez. “Mas a Fetram merece todo o apoio da população, pois hoje há trens que andam a 120, 180 e até 500 quilômetros por hora”, disse.
Caramez encampou a manifestação de Pejo, antecipando que já havia informado ao chefe da Casa Civil, Samuel Moreira, sobre os objetivos desta Frente Parlamentar e que esperava encaminhar as demandas dos seus representantes ao governador Geraldo Alckmin.
Contrato com novas regras
A antecipação dos contratos, firmados em 1996 com as concessionárias, também foi abordada por Jean Pejo. Ele frisou que os próximos contratos teriam de oferecer serviços de excelente qualidade, “como no tempo da Fepasa, em 1989, em que rodavam a 100 km por hora”, argumentou. Além desse detalhe, elencou outros indicadores técnicos de qualidade, como dormentes assentados corretamente ou vagões de primeira qualidade. “Tudo de forma muito transparente, para que os candidatos à licitação se interessem em investir”, orientou.
Após a apresentação de Jean Pejo, representantes de associações se manifestaram. José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Frente Nacional da Defesa das Ferrovias (Ferrofrente), indagou sobre irregularidades cometidas pela empresa Alston, na compra de vagões para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e discordou sobre a concessão por mais 30 anos para a reativação do sistema ferroviário no Estado. Marcos Antonio Carvalho Lucas, da União das Entidades de Presidente Prudente (UEPP), comunicou que a concessionária Rumo recebe R$ 30 mil por dia de multa pela não reativação de um trecho, e que o desenvolvimento da região depende do transporte ferroviário.
Fonte: Renova Mídia